A verdade do sujeito, como se sabe, fala pelas entrelinhas... Bastará ler cuidadosamente as entrelinhas deste livro para ouvirmos uma voz que ressoa - quase um sussurro - evocando uma nota de prudência. Afinal, não é que a verdade fala baixo, mas mesmo assim se faz sempre ouvir? A sexualidade tratada, hoje, como mercadoria e exposta como fenômeno de massa, não acarreta necessariamente benefícios, nem contribui para o bem estar das pessoas. Nesses tempos de reality shows, a psicanálise, chamando a sexualidade de volta ao seu lugar de alcova, ao âmbito do privado, resgata, sem banalizá-la e diluí-la como um produto qualquer, sua potência criadora e propulsora da vida. Os textos que compõem este livro traçam a pluralidade que reflete o estilo de cada um diante da questão do sexo. As organizadoras - Ana Maria Portugal, Ângela Porto, Auxiliadora Bahia, Gilda Rodrigues e Thais Gontijo - elaboraram quatro partes que funcionam como facilitadores do trilhamento pela coletânea: Perversão, Desafios clínicos, Homossexualidade e as Vias da sexualidade, onde insiste a pergunta O que a análise pode fazer nesses casos? O conjunto de textos vincula a sexualidade ao campo inconsciente e a desvincula do determinismo biológico da reprodução, colocando, assim, a sexualidade em discurso, reafirmando o interesse pelo campo do desejo e do sujeito por ele representado e ainda abrindo um horizonte de perspectivas transfinitas onde podemos localizar o desejo.